sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

tomb 875, green hills memorial park, CA

meu pai me olha todos os dias se perguntando
quem sou eu
mas nunca encontra resposta.
talvez ele acredite que a sua filha não é ninguém
ainda.
esse é o único momento
em que nós dois estamos
perfeitamente
de acordo.

quando as pilastras ruem,
na maioria das vezes, não sinto vontade alguma de reconstrui-las.
o silêncio da desistência de
si mesma quase engole os livros da prateleira,
quase coloca fogo nos folhetos de algumas bandas
desconhecidas.
já desisti de tudo que apreciava e na manhã seguinte esperei tocar hey little rich girl
enquanto tomava um comprimido e abria as janelas pra
odiar um pouco mais
a falta da chuva.
você tem que se convencer de que realmente desistiu
e essa é a parte que sempre ficou em branco.

pode ser
que um dia eu conte pra alguém que escrevi meu melhor texto drogada
e esse alguém ria, ou me beije a boca
ou escreva sobre isso como escrevo o que me dizem,
o que fazem comigo.
sartre vai se orgulhar se todo mundo se adaptar
à essa merda,
mas a indústria cultural não.
nem toda mente e nem toda mão serve pra criar. a história de que cada um é capaz
só funciona nos corredores de colégios
e de pequenas empresas.

conheci pessoas que dariam a vida ou metade dela
pelo amor,
e elas davam.
essa fé inescrupulosa no sentir é constantemente
esmagada
por atos meramente racionais.
reconhecer as possibilidades do amor não significa,
necessariamente,
deixar de acreditar nele.
de qualquer forma, o avião cai.
o copiloto possui a restrita função de dividir o sentimento de fracasso e
de segurar a sua mão.
o copiloto é somente mais um peso pra despencar.
contudo, son, todos nós, no fundo, desejamos um.

bukowski nos deixou um inefável conselho
escrito alguns palmos acima dos vermes que comeriam seu corpo.
tentar é o caminho mais fácil
pra navalha entrar.
você só precisa ouvi-lo.

yasmin

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